sábado, 24 de outubro de 2009

Tênia


As Tênias possuem corpo segmentado composto por anéis, chamados proglótides ou proglotes. Habitualmente, para efeitos de esquematização, divide-se o corpo da tênia em três zonas: o escólex ou cabeça, o pescoço e o estróbilo. O escólice é a parte do corpo onde se encontram os órgãos de fixação do verme à mucosa intestinal do hospedeiro, quais sejam as ventosas, o rostro ou rostelo e a coroa de ganchos. O pescoço é uma região de intensa multiplicação celular, responsável pela formação das proglótides. O conjunto de proglótides é chamado de estróbilo. As proglótides, ao se afastarem da extremida anterior vão sofrendo um processo de maturação, passando pelos estágios de proglótides imaturos, maduros e grávidas, isto é, proglótides ainda sem aparelhos sexuais, as com aparelhos sexuais desenvolvidos e aquelas que já possuem ovos fecundados. As tênias são vermes hermafroditas e cada estróbilo maduro possui aparelhos sexual masculino e feminino. As proglótides grávidas estão na extremidade final do estróbilo e se soltam do corpo do verme, sendo então elimadas junto com as fezes. Esse processo de desprendimento das proglótides grávidas do estróbilo é chamado de apólise. Entre as tênias existentes, quatro têm o homem como hospedeiro definitivo. São elas a Taenia solium, Taenia saginata, Taenia asiatica e Diphyllobothrium latum.

doenças

A cisticercose humana é doença gravíssima, pois os cisticercos se localizam no sistema nervoso central (neurocisticercose), nos olhos, músculos e nas víceras. Nestes locais, podem permanecer até 30 anos, determinando ataques epileptiformes, crises convulsivas, cefaléias, vômitos, alterações de visão, hidrocefalia e até mesmo a morte. Os ovos das tênias são muito resistentes à inativação através de substâncias químicas, mas podem ser destruídos pela cocção ou fervura acima de 90°C. Desta forma, os cuidados higiênicos são importantes para se evitar a transmissão desta doença. Há enfermidade contra as quais, até o presente momento, nada se pode fazer para exterminá-las; outras, no entanto, como a cisticercose podem e devem ser eliminadas de nossa população.
O diagnóstico clínico da NCC (neurocisticercose) é difícil devido à semelhança do quadro com outras afecções que acometem o Sistema Nervoso Central. As principais condições que devem ser evocadas frente à suspeição de NCC (e vice versa), com vistas ao diagnóstico diferencial, são: 1. Neuroinfecções como tuberculose, toxoplasmose, criptococose e hidatidose; 2. Colagenoses, particularmente lupus eritematoso sistêmico; 3. Neoplasias primitivas ou metastáticas do Sistema Nervoso Central; 4. Abscesso Cerebral; 5. Esclerose Múltipla; 6. Anomalias vasculares cerebrais - mal formação A-V, cavernomas; 7. Cisto aracnóide.
A Cisticercose é devida à ingestão acidental de ovos de tênia em água ou comida contaminadas com ovos do parasita: o ser humano é acidentalmente tomado como hospedeiro intermediário. Os ovos eclodem no lúmen intestinal e as oncosferas invadem a mucosa intestinal, alcançando a corrente circulatória sangüínea. A maioria migra para os músculos, onde se encista, mas algumas podem enquistar-se em órgãos delicados como o olho e o cérebro, causando sintomas como alterações visuais, convulsões epilépticas e outros distúrbios neurológicos. No coração podem agravar insuficiência cardiaca.
O diagnóstico da teníase intestinal é feito pela observação dos ovos ou proglótes nas amostras fecais, observadas ao microscópio óptico. Um único exame cropoparasitológico não exclui a teníase e deverá ser repetido utilizando-se técnicas de concentração de ovos como a de Ritchie ou de Albicrotchi que apresenta 90% de eficiência na visualização de ovos e confirmação da teníase. Os testes de hemaglutinação e imunofluorescência indireta auxiliam no diagnóstico da teníase quando os métodos parasitológicos mostram-se insuficientes. O diagnóstico da cisticercose é por imagiologia (TAC) com confirmação pela análise de biópsia de tecidos afectados. A distinção entre as duas espécies quase nunca é necessária mas pode ser feita pela técnica de reconhecimento de ADN, a PCR.
A prevenção pelos órgãos de saúde pública é feita por meio da melhoria da higiene e controle da alimentação de suínos e bovinos e inspeção das carcaças de animais abatidos para consumo. A prevenção pessoal passa pelo consumo de carne de porco exclusivamente bem cozida ("bem passada"). A carne bovina é geralmente mais segura porque os bovinos não ingerem fezes como o porco; contudo, também é aconselhado o seu consumo apenas se bem cozida, ou seja, sem ficar nenhuma porção vermelha. O presunto e outros embutidos não cozidos são alimentos de especial risco.

Reprodução

As tênias são platelmintos que têm reprodução sexuada. São hermafroditas, isto é, possuem os dois sexos presentes no mesmo indivíduo. Não há machos ou fêmeas, e cada proglótide colabora com óvulos e com espermatozóides, ocorrendo então a fecundação no interior de cada proglótide. Ocorre um fenômeno interessante em cada proglótide: o aparelho reprodutor masculino se forma antes do feminino. Após a fecudação o aparelho masculino involui, desaparecendo por completo, deixando todo o espaço no interior do proglótide para a formação e maturação dos ovos. Este fenômeno é chamado de protandria.

Ciclo de vida


As proglótides localizadas na extremidade da cadeia são as mais maduras e são mais compridas que largas. Estas proglótides possuem no seu útero ramificado entre 80.000 e 100.000 ovos. Os ovos são libertados quando a proglótide se destaca do animal no lúmen intestinal ou no exterior quando a proglótide se desintegra. São excretadas com as fezes humanas. Os animais que se alimentam com água, de detritos (porco) ou erva (vaca) contaminados são infectados. Nestes animais ou acidentalmente no Homem os ovos eclodem no intestino, gerando oncosferas, e penetram na mucosa intestinal, e disseminam-se pelo sangue até os tecidos, onde se enquistam principalmente no músculo, fígado e cérebro. Quando o Homem come esta carne mal cozida infectada, a larva se aloja no seu intestino e aí se desenvolve, dando a origem a uma tênia adulta, fechando o ciclo.

Taenia saginata


Há também a Taenia saginata, cujos hospedeiros intermediários são os bovinos, que se infectam através da ingestão dos ovos desse parasita, eliminados nas fezes do homem. No caso da Taenia saginata o homem pode ser apenas hospedeiro definitivo, diferente do que ocorre com a Taenia solium. As proglótides são eliminadas individualmente e fora das evacuações, forçando o esfíncter anal do portador. Esta espécie está disseminada mundialmente e o número de portadores humanos está estimado entre 40 e 60 milhões. T. saginata pode atingir até 12m de comprimento (comprimento do intestino humano).
A Taenia saginata tem quatro ventosas, mas não tem ganchos no escoléx, o que a diferencia da T. solium.
A Taenia saginata asiatica é uma subespécie que infecta também o porco, causando cistos infecciosos no seu fígado.
As medidas profiláticas para a teníase determinada pela Taenia saginata são o saneamento básico, evitar a ingesta de carne bovina crua ou mal passada, a inspeção do abate dos bovinos destinados ao consumo humano.

Taenia solium


A Taenia solium adulta vive no intestino delgado do homem e tem como uma das características distintivas da Taenia saginata, a presença de uma dupla coroa de ganchos, armada sobre o rostelo, que auxilia na fixação do helminto à mucosa intestinal. O homem que possui teníase ou solitária, como também é chamada a doença causada pela presença desse animal no intestino, libera cerca de 40.000 ovos fecundados por anel eliminado nas fezes. Esses ovos contêm embriões denominados oncosferas.O porco, hospedeiro intermediário, ingere os ovos que, ao chegarem no intestino, liberam a oncosfera. A oncosfera atravessa a mucosa digestiva, ganha a corrente sangüínea e se aloja em vários tecidos ou órgãos do animal. Nesses locais, evolui para um estágio larval, chamado cisticerco.
A carne de porco malpassada é a origem da infecção pela T. solium
O homem se torna hospedeiro definitivo do animal quando ingere carne de porco crua ou malcozida contendo cisticercos. Ao ingerir ovos da tênia em vez de cisticercos, o homem passa a ser hospedeiro intermediário. Quando os ovos sofrem maturação e se tornam cisticercos no organismo humano, podem causar deficiência visual, fraqueza muscular e/ou epilepsia, dependendo do local onde se alojam. Essa doença é chamada cisticercose e é mais grave que a teníase. O tratamento normalmente é feito com Mebendazol administrado durante 3 dias.

Conceito .


Tênia ou Solitária é o nome comum dado aos vermes platelmintos das ordens Pseudophilidae e Ciclophylidae, que pertencem à classe Cestoda, que inclui vermes parasitas de diversos animais vertebrados, inclusive do homem. A Taenia solium e a Taenia saginata são as mais conhecidas por parasitarem o intestino delgado do homem. Os seus hospedeiros intermediários são o porco, no caso da Taenia solium, o boi no caso da Taenia saginata e os peixes no caso do Diphyllobothrium latum. Além de ser o hospedeiro definitivo, quando tem o lúmen do intestino parasitado, (de forma quase sempre benigna) causando a doença Teníase, o homem também pode se tornar hospedeiro intermediário, sendo acometido por uma doença mais grave, a Cisticercose, somente determinada pela Taenia solium.